22 de mai. de 2012
17 de mai. de 2012
-Tu falas como as pessoas grandes!
Senti um pouco de vergonha. Mas
ele acrescentou implacável:
- Tu confundes todas as coisas...
Misturas tudo!
Estava realmente muito irritado.
Sacudia ao vento cabelos de ouro:
-Eu conheço um planeta onde há um
sujeito vermelho, quase roxo. Nunca
cheirou uma flor. Nunca olhou uma
estrela. Nunca amou nínguem. Nunca
fez outra coisa senão somas.
E o dia todo repete como tu:
"Eu sou um homem sério! Eu sou
um homem sério!" e isso o faz
inchar-se de orgulho. Mas ele não
é um homem; é um cogumelo!
-Um o que?
-Um cogumelo!
Ai, ai, ai, quem não ama este
principezinho?
16 de mai. de 2012
14 de mai. de 2012
[poemas], por Regina Przybycien.
11 de mai. de 2012
Museu
Há pratos, mas falta apetite.
Há alianças, mas o amor recíproco se foi
há pelo menos trezentos anos.
Há um leque - onde os rubores?
Há espadas - onde a ira?
E o alaúde nem ressoa na hora sombria.
Por falta de eternidade
juntaram-se dez mil velharias.
Um bedel bolorento tira um doce cochilo,
o bigode pendido sobre a vitrine.
Metais, argila, pluma de pássaro
triunfam silenciosos no tempo.
Só dá risadinhas a presilha da jovem risonha
[do Egito.
A coroa sobreviveu à cabeça.
A mão perdeu para luva.
A bota direita derrotou a perna.
Quanto a mim, vou vivendo, acreditem.
Minha competição com o vestido continua.
E que teimosia a dele!
E como ele adoraria sobreviver!
Wislawa Szymborska